quinta-feira, 13 de agosto de 2009


PopCine – uma resposta ao presidente (e aos eleitores)

O presidente Lula, em recente declaração, falou sobre a carência de salas de cinema e a dificuldade de acesso da maior parte da população, devido aos preços dos ingressos e à ausência de salas nos bairros e comunidades em que vive a maioria dos brasileiros. O presidente cobrou idéias, projetos que pudessem dar solução a essa situação inidiscutivelmente grave para a cultura brasileira em geral e especialmente para o nosso cinema.

Há um projeto que percorre, há três anos, gabinetes públicos e escritórios de empresas em todo o País. Ele tem o endosso de produtores e realizadores cinematográficos, dos cineastas de curta-metragem, da chamada classe política, de administradores municiapis, de estudiosos e técnicos de cinema e, naturalmente, das cidades e bairros que tiveram oprtunidade de conhecê-lo.

No entanto, administradores municipais parecem aguardar a ajuda do estado; em muito estados, remetem-se ao governo federal; este último, pelo menos até a fala do presidente, parece quase exclusivamente preocupado com o fomento à produção – extremamente necessário, aliás, e sobre o que muito foi realizado por este governo – apesar de todos os produtos audiovisuais brasileiros não encontrarem, ou carecerem de forma muito aguda, de caminhos e espaços de exibição, de contato com o público.

As empresas, públicas e privadas, ancoradas nos dispositivos de renúncia fiscal, aparentemente não vêm interesse em investir numa ação permanente em comunidades de menor poder aquisitivo. Os projetos itinerantes, de rápidos (e efêmeros) resultados, permitem a apresentação de relatórios expressivos às instâncias de administração: “Instalou-se uma grande tela na cidade, com pipoca de graça. Todos vieram assistir. Eram milhares! Voltaremos no ano que vem com mais um filme, se a empresa continuar a nos apoiar...”

Trajetória do PopCine

O Centro de Promoção do Cinema – CPCine foi fundado em março de 2006. Reunindo antigos cineclubistas, produtores culturais, cineastas, de São Paulo e alguns outros estados, tinha – e tem – por objetivos principais a promoção de estudos sobre o cineclubismo e a organização do público e especialmente a criação de um circuito de salas de cinema que permita o acesso do público ao cinema, uma vez que o mercado brasileiro está organizado de uma maneira absolutamente excludente, que apenas atende a uma parcela irrisória da população (que oscila em torno de 10%, mas geralmente para baixo) e promove basicamente apenas a circulação de filmes de umas poucas empresas (concentradas em três distribuidoras que detêm cerca de 85% das bilheterias no País) internacionais, com base em Hollywood. Um cinema elitista, excludente, monoglota, que afasta o público e impede a circulação da diversidade, da pluralidade, da criatividade

O nome PopCine, marca que deve caracterizar as salas do circuito, foi uma sugestão do cineasta João Batista de Andrade, então Secretário da Cultura do estado de São Paulo. PopCine, de popular, amplo e democrático; PopCine de cultura moderna, pop; de vibração e explosão, como da pipoca, tão associada ao cinema que queremos fazer renascer como hábito e direito da população.

Empossado na Secretaria, João Batista logo promoveu estudos para a ampliação da difusão cinematográfica. Diversas propostas chegaram ao seu gabinete, mas a mais econômica ainda previa um custo de cerca de 500 mil reais para a implantação de uma sala de cinema tradicional, para projeção de películas 35 mm. Vale dizer que, na época, o custo básico de montagem de uma sala comercial era de cerca de 1 milhão de reais – mas, dado o modelo praticamente absoluto das salas multiplex, esse investimento é, na realidade, bem maior. A circulação de cópias em 35 mm também exige um investimento de cerca de 5 mil reais por cópia, o que leva a uma série de injunções que determinam, entre outras coisas, uma audiência mínima e um ingresso elevado para a sustentação de cada sala, reforçando o modelo dos multiplexes e excluindo toda comunidade menor ou de menor poder aquisitivo: a imensa maioria das cidades do interior e os bairros nas cidades maiores. De fato, o Brasil tem uma sala de cinema para quase 200 mil habitantes (sem falar na concentração), cerca de 20 vezes menos que a proporção existente nos EUA, por exemplo, e em muitos outros países, cujas “vias de desenvolvimento” são mais vias de fato.

A proposta que o CPCine levou ao Secretário previa um investimento de cerca de 100 mil reais por sala, partilhados com a iniciativa local. A operação digital reduz os custos de manutenção a uma fração infinitesimal dos de uma sala tradicional, permitindo a sua sustentabilidade a partir de ingressos muito inferiores aos praticados no mercado, e possibilitando sua instalação em todo tipo de comunidade.

A Secretaria da Cultura paulista, então, celebrou com o CPCine acordos para o desenvolvimento do projeto e a instalação inicial de 20 salas em todo o estado.

Maria Antonia

Num primeiro momento, instalamos a sede do projeto e uma sala modelo, para experimentação e promoção, permitindo o estudo da operação real da sala e que possíveis patrocinadores, produtores e realizadores cinematográficos, representantes da classe política e das comunidades pudessem ter uma visão concreta do que o projeto propõe. A Sala Maria Antonia, na rua do mesmo nome, foi inaugurada no dia 5 de novembro (dia do cinema brasileiro) de 2006 (fotos ao lado).

A Sala Maria Antonia exerceu sua função de testar a atualizar a proposta do Circuito. Exibiu cerca de 200 títulos, entre curtas, médias e longas-metragens, com temas variando desde a produção de e sobre a “periferia”, até clássicos do cinema mundial; promoveu lançamentos de filmes brasileiros nunca exibidos, como “Subterrâneos”, de José Eduardo Belmonte; “QuartaB”, de Marcelo Galvão, “O Profeta das Águas”, de Leopoldo Nunes; “Lua Cambará”, de Rosemberg Cariri, entre outros, e mostras igualmente inéditas dos cineastas argentinos Leonardo Favio e EdgardoKozarinsky. Realizou debates e outros eventos, como lançamentos de curtas, revistas, até uma festa de aniversário.. Organizou e testou o projeto “O Cinema é uma Escola”, com a Secretaria de Estado da Educação, que atendeu a cerca de 3.500 alunos da rede pública no mês de novembro e que, através de acordo celebrado com essa secretaria, seria estendido a toda sala que se associa-se ao circuito PopCine.

A segunda etapa do projeto consistiu na seleção de 20 localidades e estabelecimento de parcerias com prefeituras, subprefeituras ou outras instituições locais. Estas ficaram responsáveis pela cessão do imóvel, aprovado pela área técnica do CPCine, e os investimentos, pequenos, de adaptação. A Secretaria de Cultura entrou com o custeio do planejamento todo da sala – através do CPCine - resultando no desenvolvimento dos projetos de adaptação das 20 salas, bem como seu orçamento (ao lado e abaixo, depoimentos de prefeitos e autoridades da cultura de várias dessas cidades).

Vila Mariana

Enquanto se desenvolviam essas etapas do projeto, outros estados, cidades e instituições – até mesmo um exibidor comercial – se interessaram pelo PopCine. Sempre através de contatos com autoridades como secretários de Estado ou dos municípios, ou com organizações reconhecidamente bem estruturadas, 13 estados brasileiros e cerca de uma centena de cidades manifestaram interesse pela criação de salas populares de cinema.

Mas foi apenas a subprefeitura da Vila Mariana, em São Paulo, que desenvolveu um projeto próprio, fora da programa estadual, e reformou um auditório muito interessante em uma biblioteca pública. O imóvel apresenta uma distribuição espacial que comporta entrada independente para a sala de cinema, que seria administrada por uma associação civil sem fins lucrativos constituída entre moradores do bairro e freqüentadores da biblioteca. Assim se manteria a proposta de sustentabilidade da sala, com o vínculo com a comunidade e o interesse público.

A sala ficou pronta em fevereiro de 2007 (ver fotos ao lado), mas um decreto do prefeito passou a administração da biblioteca para a secretaria municipal de cultura. O secretário, que nunca nos recebeu, não permitiu a continuidade do projeto. Hoje, a biblioteca Viriato Correia mantém uma programação de cinema de responsabilidade da secretaria.

Etapa “final”

A fase seguinte do projeto seria a abertura das 20 salas, cujos espaços estavam cedidos, os projetos prontos e orçados, assim como a equipe e estrutura básica de fornecimento de filmes e treinamento e assistência técnica para os novos popcines.

A gestão de João Batista de Andrade, porém, terminava, com as eleições para o governo do estado. O antigo secretário assegurou-se de deixar os recursos no orçamento do ano seguinte e gestionoou pessoalmente junto ao seu sucessor, o economista João Sayad, para que continuasse o projeto. De fato, o novo secretário logo nos recebeu, de maneira especialmente gentil, assegurando-nos – e aos 20 prefeitos e dirigentes de igual número de comunidades que subscreviam nossa demanda – a continuidade do projeto.

Alguns meses depois, diante da nossa inistência pela liberação dos recursos devidos no começo do ano, finalmente fomos comunicados que “a secretaria mudou sua política de inclusão”, optando pela aquisição de ingressos junto aos exibidores comerciais tradicionais e sua distribuição gratuita à população.

A falta de coerência na atitude do secretário não apenas inviabilizou a etapa seguinte do PopCine e todo o projeto em São Paulo, como provocou uma crise na própria entidade, que vinha atrasando compromissos e protelando medidas de defesa em vista da atitude de compromisso que o Dr. Sayad infelizmente não honrou.

A Sala Maria Antonia teve que ser fechada – como espaço-sede do projeto, com escritório e equipe, não gerava a renda suficiente para sua manutenção. Parte do seu equipamento foi entregue, como pagamento de dívida, a uma entidade de Ribeirão Preto, dando origem ao Cineclube Canarinho, em plena atividade atualmente.

Perspectivas?

Continuamos a acreditar que o PopCine é a grande resposta para o restabelecimento do diálogo entre o cinema, especialmente o cinema nacional, e o público brasileiro.
O CPCine se mantém, através de seus dirigentes e da maioria dos associados, continuando a apresentar a proposta, ou diferentes propostas, para governos, empresas e programas públicos de apoio à cultura – sem qualquer resultado concreto até o momento.

Conservamos nossa capacidade de diagnóstico e assessoria técnica para a montagem de salas e organização de equipes gestoras.

Quem sabe, seremos ouvidos pelo presidente...


PopCine - Depoimentos

“Caro Secretário:

Enfim, alguém decidiu organizar o encaminhamento do "cinema digital".

Já faz quatro anos que discuto as diferenças entre o "cinema comercial" (submetido às necessidades comerciais dos grandes estúdios) e a "difusão cultural".

Nos últimos tempos, ando irritado sobre o assunto. Em aulas e palestras tenho sido enfático. Em palestra no Congresso da FIAF, disse que enquanto o Governo quer discutir apenas o "mercado", eu iria falar sobre "políticas culturais", de inserção social e cultural.

Do jeito que o mercado ficou, com um desenho voltado às classes A e B dos grandes centros urbanos, o cinema nacional não vai conseguir crescer, tomar seus espaços. É uma batalha por um espaço onde não é querido. Tem que se formar novas platéias, tem que nacionalizar o público em espaços favoráveis.

Na década de 70/80, a "nacionalização" veio das classes mais baixas para cima. Tornou-se possíveis lançar filmes nacionais mais elaborados com sucesso. Lembre-se de "Pixote", "Eles não usam black-tie", "Os anos JK", "Bye-bye, Brasil", "Doramundo", "Das tripas coração", "Cabaret Mineiro". Se não alcançavam números estratosféricos, eram muito bem vistos, muito bem discutidos, chegando aos melhores cinemas (porém, desde aquele tempo, estes filmes não funcionavam nos poucos shoppings centers existentes, como o Iguatemi, o Continental, o Ibirapuera, o Barrashopping, o Itália de Curitiba...).

Tem que iniciar o trabalho, de novo, como fizemos no cineclubismo dos anos 70. Formar mentalidade, público e mão-de-obra. Foi o caminho da Embrafilme, que com todos os seus problemas, teve sucesso em termos de mercado. Para se chegar a isto, não se começou pela super-estrutura do mercado.

Espero que tenha muito sucesso na implantação de suas novas salas. Estou à sua disposição para o que precisar, inclusive para apontar alternativas de tecnologias e fornecimentos”...

“Considero que tal projeto continua, cada vez mais, uma prioridade.
O mercado arranja-se por si próprio, abre-se cinemas onde a rentabilidade é mais propícia.
Esta mecânica,perfeitamente adequada a circulação de produtos comerciais, cria, contudo, um distanciamento com as populações de baixa renda que não tem dinheiro para ir ao cinema. Muitas vezes, não tem sequer dinheiro para sobreviver.
O Estado deve intervir na formação de salas que permitam a esta população o prazer e a formação cultural que o cinema propicia.
Essa é a verdadeira proposta de um cineclubismo.
Boa sorte em seus novos pontos.
Tem um monte de gente torcendo, a começar pelo Paulo Emílio e pelo Dante.

Mais uma vez, parabéns pela decisão acertada.

Um grande abraço.”

Luiz Gonzaga Assis Deluca
Vice Presidente da Federação Nacional das Empresas Exibidoras Cinematográficas (FENEEC)
Diretor de Relações Institucionais do Grupo Severiano Ribeiro

Autor do livro “Cinema Digital: um novo cinema?”.
Ed. Imprensa Oficial – São Paulo – 2004


Cidades e bairros


“Fiquei muito satisfeito com a planta baixa do Projeto que recebi. Reafirmo a importância deste projeto para a nossa região e a expectativa é grande entre os nossos jovens carentes. Com certeza este projeto abrirá oportunidade de trabalho e renda que é o foco maior do nosso Projeto de Desenvolvimento Local, a Câmara de Animação Econômica Itaim Paulista/Curuçá. Aguardo ansioso encaminhamento e conclusão rápida deste projeto tão importante para a nossa região”.

Diógenes Sandim
SubPrefeito
Itaim Paulista / Curuçá
Capital


“O projeto PopCine, entre outros méritos, é um instrumento extraordinário de diálogo e integração da administração pública com a população”.

Fábio Lepique
SubPrefeito
Vila Mariana
Capital


"POPcine é uma possibilidade real para a difusão de produções audiovisuais, importante tanto para os produtores independentes quanto para a população excluída destes conteúdos, seja por morar longe do centro das grandes cidades, seja por morar longe das grandes cidades, pondo em prática uma política pública que funciona em rede."

Fernando Luiz Zanetti
Presidente do Grupo Circus – Circuito de Interação de Redes Sociais
Assis


“O Circuito Pop Cine, além de popularizar o acesso ao cinema, valoriza e divulga a produção cinematográfica nacional. Esperamos que a Secretaria de Estado da Cultura se sensibilize pela importância da continuidade do projeto.”

Prof. José Gualberto Tuga Martins Angerami
Prefeito Municipal
Bauru
José Augusto Ribeiro Vinagre
Secretário Municipal de Cultura
Bauru


"Consideramos o projeto POPcine uma feliz iniciativa do CPCine com o apoio da Secretaria de Estado da Cultura. Manifestamos, desde a primeira hora, a intenção de receber uma sala em nosso Município e, desde então, vimos procurando meios para que essa idéia se efetive."

Luiz Roberto de Oliveira
Secretário Municipal de Cultura de Botucatu
Botucatu


“A qualidade do que se oferece à população, em matéria de cultura, depende, em grande parte, de boas parcerias. Esta com o PopCine é uma delas.”
Afonso Macchione Neto
Prefeito Municipal
Botucatu

“O projeto PopCine veio completar a oferta de oportunidades de contato com a cultura que temos oferecido à população. Antes do PopCine não tínhamos nada ainda relacionado ao cinema.”
Lígia Torchetti Ferreira
Coordenadora Municipal de Cultura
Catanduva


“É com imenso prazer que tomamos conhecimento do Projeto Popcine. Nosso município ficaria muito honrado com a celebração de convênio em prol da execução de referido projeto. Contamos com os esforços necessários nesse sentido. Aguardamos e esperamos deferimento.”

Fabio Regino Sacco
Secretario de Cultura, Esportes e Turismo
Itapetininga


“Jaú aguarda ansiosamente a implantação do projeto na cidade. O Pop Cine democratiza o acesso à sétima arte.”
Lucy Rossi
Secretária de Cultura e Turismo
Jaú


“Reiteramos o interesse da cidade de Limeira em ter aqui uma unidade do Pop Cine. Temos também um local previsto com possibilidade para a instalação do mesmo, já visitado por representantes do Projeto.O nosso interesse, compartilhado pelo Prefeito Municipal, Sílvio Félix, depende do andamento das ações, do que precisaremos fazer no tocante às adaptações necessárias do local e do tempo que isso demanda, dada a tramitação burocrática naturalmente existente no Poder Público. Cumprimento a Secretaria de Estado da Cultura pela iniciativa de abraçar Projeto tão relevante.”

José Farid Zaine
Secretário Municipal da Cultura
Limeira

“Manifestamos nosso interesse em estar recebendo o projeto Pop Cine, sendo que Marília tem tradição, pois mantemos com muita dificuldade, em local não apropriado e equipamentos inadequados, o mais antigo Clube de Cinema do Brasil, que foi fundado em 12 de outubro de 1952.”

Iara Regina Pauli
Secretária Municipal de Cultura e Turismo
Marília


“Mais cultura, mais lazer e o resgate de uma história, com o retorno do cinema a Palmital: Isto é Pop Cine!”

Ismênia Mendes Morais
Diretora de Educação, Cultura, Esportes e Turismo
Palmital


"O Pop Cine configurou-se na mais importante iniciativa da Secretaria de Estado da Cultura no desenvolvimento de políticas públicas para a democratização do acesso ao cinema. Presidente Prudente aguarda ansiosa a continuidade do projeto e a efetiva instalação de uma ou mais salas em nossa cidade."

Fábio Nougueira
Secretário Municipal de Cultura
Presidente Prudente


“Santa Bárbara d'Oeste já está comprometida e entusiasmada com o projeto PopCine, juntamente com o Centro de Promoção do Cinema e a Secretaria de Estado da Cultura, Já estamos selecionando o local para a implantação da sala de cinema em nossa cidade.”

José Benedito Varela
Secretário Municipal de Cultura
Santa Bárbara d'Oeste


“Acredito ser o projeto POP CINE, um belo exemplo de ação concreta para popularização e acessibilidade do cidadão comum ao cinema, cada vez mais visto como mero objeto comercial. Outro diferencial do projeto é o de tentar fugir das máfias da distribuição, fazendo com que os "possíveis exibidores" sejam contemplados, mesmo não pertencendo aos "feudos" estabelecidos. A Coordenadoria de Cinema da Secretaria de Cultura da Prefeitura Municipal de Santos apoia e incentiva a idéia.”

Nívio Mota
Coordenador de Cinema
Diretor/programador – Cine Arte Posto 4
Diretor do MISS – Museu da Imagem e do Som de Santos
Santos


“Criar acesso da juventude ao cinema brasileiro é positivo em qualquer situação. O Programa Pop Cine ao levar para todo o interior do Estado essa proposta, é muito pertinente e oportuno”.

Pedro Ganga
Secretário Municipal de Cultura
São José do Rio Preto


“Envio-lhe a cópia do ofício que recebemos como resposta à nossa indagação, referente ao Projeto POPCINE. Ficamos entristecidos por saber que este projeto pode não vir a ser implantado em Taubaté e nos demais municípios que o pleiteiam.

Solicitamos, portanto, que interceda para a continuação do Projeto, haja vista que, como bem é de seu conhecimento, esta é uma forma de enaltecer a cultura e, sobretudo o cinema brasileiro em nosso Estado.

Ressaltamos, ainda, que pode contar com nosso apoio e nos propomos a protocolar uma Moção de Apelo à Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo, se necessário.”

Profª Pollyana Gama
Vereadora
Taubaté

“A Universidade de Taubaté apóia o projeto Pop Cine, porque acredita na promoção da cultura como elemento de transformação da realidade e no Cinema como instrumento para formação de uma nova consciência: mais rica, diversa e crítica.”

Profa. Dra. Maria Lucila Junqueira Barbosa
Reitora da Universidade de Taubaté


“Confirmamos a seleção do local, no Espaço Cultural de Vinhedo, para a instalação de nossa sala PopCine. Reiteramos nossa satisfação de participar desse extraordinário projeto de política cultural.”

Edilson Caldeira
Secretário de Cultura e Turismo
Vinhedo


Outros Estados


“Pretendemos criar uma ONG para gerenciar o projeto no estado e estimular o mercado audiovisual. A abrangência do projeto é todo o estado de Pernambuco (+ Fernando de Noronha) e estamos costurando uma parceria com o Governo do estado de Pernambuco.”

João Otávio Aureliano Maia
Roberto Santos Filho
Cara de Cão Filmes
Pernambuco

“Queremos estabelecer junto ao CPCine e ao projeto Pop Cine uma relação de parceria para implementação em Belo Horizonte do modelo de salas de exibição digital em cada uma das nove regiões administrativas da cidade.”

Patrícia Lamego Carvalho
Mia Athayde
Instituto Artivisão
Minas Gerais


Entidades


“No Brasil, como em todo o mundo, estamos observando profundas mudanças em todos os segmentos do audiovisual, provocadas pela convergência tecnológica e outros fatores. Não e exagero reconhecer que vivemos o começo de uma nova era,com novos formatos e novos atores. O PopCine e uma das iniciativas mais importantes desse novo tempo, e começa a exercer influencia em vários estados brasileiros que se valem do seu exemplo e da sua experiência para ampliar o espaço da produção independente.”

Geraldo Moraes
Presidente da Coalizão Brasileira pela Diversidade Cultural
Diretor do Congresso Brasileiro de Cinema - CBC


“O Popcine é uma muito bem pensada atualização do movimento cineclubista, e tem tudo para ser uma das melhores iniciativas para a divulgação do cinema brasileiro e formação de platéias. Enfim, um circuito popular e independente! Parabéns!”

Ícaro Martins
Presidente da Associação Paulista de Cineastas – APACI


“A Associação Brasileira de Documentaristas e Curta-Metragistas parabeniza V. Sª. pelo importante trabalho realizado no POP CINE. Em um país tão carente de alternativas culturais, este projeto vem ocupando um espaço essencial, dando acesso para uma população marginada, na periferia dos grandes centros urbanos, a uma programação cinematográfica de qualidade. Mais que formar público sensível ao cinema brasileiro, o POP CINE valoriza a auto-estima coletiva e o sentimento de cidadania deste público, uma vez que exibe um cinema que fala sua mesma língua e trata de uma realidade muito próxima a ele.”

Guigo Pádua
Presidente Nacional da ABD – Associação Brasileira de Documentaristas


“O Circuito Popular de Cinema - Pop Cine é uma iniciativa, que objetiva levar o cinema aos bairros de periferia de grandes cidades e a cidades do interior a preços acessíveis, que não possuem salas de exibição nem acesso às produções audiovisuais. É mais uma iniciativa democrática e moderna que conta com o apoio e participação do Conselho Nacional de Cineclubes”.

Antonio Claudino de Jesus
Presidente do Conselho Nacional de Cineclubes - CNC
Vice Presidente da Federação Internacional de Cineclubes - FICC

domingo, 9 de agosto de 2009



Nollywood
artigo publicado originalmente na edição brasileira on-line do Le Monde Diplomatique


Qual é o maior produtor de filmes no mundo? Os EUA, dirão os mais apressados. A Índia, vão responder alguns melhor informados. Mas o maior produtor, com mais de mil títulos por ano, é a Nigéria, uma experiência apelidada de Nollywwod.

Em texto anterior (Transição e Exclusão), descrevemos as características gerais do modelo de cinema que vigora no Brasil. Na verdade, é o modelo que prevalece no mundo inteiro, já que as grandes empresas de Hollywood, através da sua associação, a Motion Pictures Association of America (MPAA), operam em escala planetária e organizam o mercado mundial em função de seu produto. Mais de 80% dos cinemas de todo o mundo estão ocupados com os filmes dessas empresas. Parece que apenas em uma meia dúzia de países – entre mais de 200 - exibe-se mais filmes nacionais que os distribuídos por esse cartel.

Esta situação é indispensável para o cinema que confundimos como “americano”. O custo médio de uma produção, nos EUA – não em Hollywood, mas do país todo - já é de mais de 60 milhões de dólares. Esse padrão precisa de um mercado mundial bem controlado para obter lucros significativos. Se é verdade que esse cinema é dominante há décadas, apenas mais ou menos recentemente o faturamento dos filmes no exterior do país passou a ser maior que internamente – hoje na proporção de 65%. Nessa mesma direção, a produção dos EUA tem diminuído significativamente, em favor das superproduções que melhor se adéquam à exploração do mercado mundial e de seus diferentes segmentos: salas de cinema, vídeo doméstico, tevê por assinatura e tevê aberta. Especializa-se em filmes mais caros, que não têm concorrência, e são como naves mães que desovam mil subprodutos e licenças de exploração de mercados subsidiários. Por outro lado, aumenta cada vez mais a reprodução de fórmulas narrativas simplistas, padronizadas, e a conseqüente dificuldade para a expressão de diferentes formas de criação, inclusive naquele país.

Já dissemos que esse modelo é velho. Ele luta para assimilar, domesticar e rentabilizar, em novos formatos comerciais, os avanços tecnológicos que ocorrem fora do seu controle. Enquanto isto, atravanca o desenvolvimento das próprias inovações e, principalmente, limita o acesso à comunicação e impede a expressão da diversidade das culturas do mundo.
Mas até que ponto o poder econômico é capaz de segurar ou controlar o desenvolvimento de inovações que parecem apontar para uma acessibilidade fora de qualquer controle, como é o caso da rede mundial de computadores? Ou quando outras formas de exploração comercial se mostram lucrativas, criando novos “modelos de negócio”? Como combater eficazmente a “pirataria” (a exploração comercial sem pagamento de licenças), se o móvel, a ética, a ontologia mesma do comércio se concentram e se esgotam na obtenção de lucro?

Um exemplo muito revelador de que outros paradigmas podem ter relações muito mais legítimas com a cultura em que se estabelecem, assim como alcançar resultados econômicos extraordinários, é o de Nollywood, o modelo de indústria audiovisual da Nigéria, que se expande cada vez mais pelos países vizinhos.

Nollywood

A Nigéria, país com cerca de 110 milhões de habitantes, independente desde 1963, tornou-se o maior produtor mundial de títulos de filmes. Com uma produção que oscila entre 1.000 e 1.500 filmes por ano, ultrapassa largamente a Índia, segundo lugar, com cerca de metade dessa produção, e os EUA, com perto de 500 títulos anuais.

Mas não apenas isso: diversas fontes situam o faturamento dessa indústria audiovisual nigeriana em cerca de 250 milhões de dólares por ano, o que também a coloca entre as maiores do mundo. Além de predominar largamente no mercado interno, a produção audiovisual nigeriana cada vez mais se estende pelos países vizinhos, antigas colônias inglesas, mas chegando igualmente às etnias que se estendem além das fronteiras : Gana, Quênia, Uganda, Gâmbia, Níger, Camarões, Benin, Zâmbia, Togo e mesmo o Sudão. Canais a cabo da África do Sul especializam-se ou dedicam boa parte da programação a essa produção, cobrindo vários outros territórios (Botsuana, Zimbabue, Suazilândia, Namíbia). E uma grande diáspora (7 milhões só de nigerianos) na Europa, EUA e em várias outras partes do mundo – inclusive no Brasil – também serve como elemento de repercussão e multiplicação desse cinema.
Como dissemos, não se trata do modelo hollywoodiano: os filmes são produzidos e circulam em cópias digitais (DVD) e são exibidos em pequenas salas também digitais. O custo de uma produção é, em média, de 20 mil dólares americanos. Com isso, diariamente, dois ou três novos títulos são lançados no mercado. Cada filme circula com cerca de 20 mil cópias, vendidas pelo equivalente a poucos dólares ou com ingressos, em salas bem simples, de umas tantas nairas, a moeda nigeriana. Já o s maiores sucessos freqüentemente ultrapassam 200 mil cópias.

O “modelo nigeriano” demonstra possibilidades concretas e potencialidades que têm muita importância para os países que não conseguem construir uma indústria e uma cultura cinematográfica independente.

Em 1972, um decreto de “indigenização” passou para o controle nacional uma rede de cerca de 300 salas de cinema que havia no país. Uma permanente fragilidade econômica e a recorrente instabilidade política levaram à desagregação desse circuito. A diminuição do número de cinemas, a própria insegurança nas grandes cidades e a distância cultural da narrativa “ocidental” em relação à vivência cultural nativa, tudo isso contribuiu para enfraquecer o hábito de ir ao cinema. No entanto, a “nacionalização” ajudou a estimular os talentos nigerianos, principalmente da área teatral. Mais ou menos nos anos 80 começou a produção sempre crescente de filmes em VHS, copiados e distribuídos precariamente nas feiras e outros eventos públicos e exibidos em salinhas improvisadas. Como a maior parte dos empreendimentos comerciais pioneiros, o padrão dessa produção era pobre, visando garantir um mínimo de rentabilidade. O resultado era medíocre em termos narrativos. Ainda é ambas as coisas.

Mas, além de se adequar ao bolso da grande maioria, essa produção canhestra trazia a expressão do rico imaginário e das premências da vida nacional e africana: de um lado a magia e o sobrenatural, de outro as dificuldades da vida, a corrupção, as doenças endêmicas, o choque das tradições tribais com a modernidade. O modelo pegou.
Hoje, ainda cheio de carências, esse sistema audiovisual não pára de evoluir e de se consolidar. Criou, como vimos, uma sólida base econômica. Isso tem permitido, cada vez mais, a adoção de melhores técnicas e equipamentos na produção. A própria expansão da indústria, o enfrentamento de concorrentes, a interação com a diáspora, obrigam a um contínuo aperfeiçoamento em termos de linguagem e acabamento. A permanência dessa indústria gera profissionais, talentos em todos os níveis, e inclusive já tem uma espécie de star system e uma rede de eventos promocionais, festivais que ajudam a aprimorar seus produtos.

No entanto, talvez o mais importante desse processo ainda em desenvolvimento seja o significado cultural da adoção de um modelo diferente daquele implantado pelo ocupante colonial. Em meio à mediocridade ainda prevalente de uma narrativa banal, que busca o êxito e o retorno econômico mais imediato, uma “prosa” nacional se impõe, ou melhor, encontra espaço para se expressar, trazendo a vivência, os problemas, o imaginário popular.

Nas antigas colônias francesas, por exemplo, de uma maneira geral mantém-se inalterado o modelo de produção e distribuição em película. Os países não têm condição de manter esse modelo e o resultado é a produção de pouquíssimos títulos, na casa das unidades, realizados com apoio de algumas instituições francesas. Esteticamente são filmes muito mais significativos, que têm revelado alguns grandes realizadores. Que são reconhecidos em alguns eventos internacionais, a maior parte fora da África. Esses filmes são, claro, falados em francês. Já a produção nigeriana produziu um fenômeno inédito e absolutamente fundamental: um percentual significativo dos filmes é realizado nos idiomas das diversas etnias da região, principalmente em iorubá, igbo, hauçá e no pidgin nigeriano.

Sem esse espaço essa(s) cultura(s) não teria(m) oportunidade de se manifestar, talvez nem de sobreviver. Esboçado um novo paradigma, há muito ainda que avançar, mas a alternativa já se mostrou viável, abrindo a possibilidade concreta de superação do modelo mundialmente dominante. É uma lição importante, não exatamente a ser copiada, mas sobretudo compreendida. Por aqui, por exemplo, onde a produção só existe com subsídio público, praticamente não é exibida e a população não tem acesso ao cinema.

PopCine
Um Circuito Popular de Cinema

O cinema, no Brasil, apesar da sua qualidade, da sua diversidade, do seu vigor, é um produto que não chega à maioria do povo, a não ser em casos excepcionais. Um mercado estruturado em bases alheias aos interesses dessa grande maioria limita a fruição do cinema a uma parcela muito pequena da população O cinema brasileiro ocupa cerca de 10% desse mercado, oscilando um pouco, para cima ou para baixo, entra ano, sai ano. E mesmo essa pequena fatia é geralmente ocupada por poucos títulos. A grande maioria dos filmes não ultrapassa alguns milhares de espectadores, num país com quase 200 milhões de habitantes! E muitos sequer são lançados nos cinemas.

No Brasil, 92% dos municípios não têm sala de cinema. Mais grave que isso: mesmo nas cidades principais, menos de 9% dos habitantes vão ao cinema “pelo menos uma vez por ano”. Ou seja, o cinema em geral não chega à população. O que é uma das razões complementares para o cinema brasileiro continuar nesse círculo vicioso de exclusão mútua: a população não vai ao cinema e o cinema brasileiro não chega à população.

O PopCine - Circuito Popular de Cinema foi pensado justamente em função desses dois pólos: o espectador popular - os 92% da população que julgamos serem os maiores interessados em ver o cinema brasileiro - e o cinema nacional (mas igualmente o cinema mundial em geral, igualmente ausente da lógica desse mercado estreito), que precisa desse espectador como nutriente da sua criatividade, como razão da sua expressividade e, finalmente, como base da sua reprodução econômica.

A tecnologia digital abre oportunidade para criar um circuito de salas de cinema baratas na construção ou adaptação; um sistema de distribuição com custos infinitamente inferiores ao do circuito tradicional, baseado em película, e, finalmente, permite cobrar um ingresso mais próximo da capacidade aquisitiva real da maior parte da população.

O Circuito Popular de Cinema visa criar uma rede de pequenas salas, em torno de 100 lugares, com meios de exibição bem simples - mas sem descurar de qualidade e conforto - que volte a ocupar os espaços abandonados pelo modelo de cinema que foi implantado no País principalmente depois dos anos 70. E com ingressos accessíveis. Baseado nos meios digitais, pretende em grande parte reviver a relação que o cinema tinha com o público até aquela década, quando o ingresso custava uma média de um dólar e o cinema, nos bairros, nas cidades do interior, nas ruas, tinha um público anual duas ou três vezes superior à nossa população.

O PopCine não tenciona concorrer com o mercado comercial, cuja sofisticação e tecnologia não pretende imitar. Tampouco pensa prejudicar as “janelas” em que o mercado está estruturado. De fato, achamos que os efeitos desse novo circuito serão vivificadores: atingindo o público sem grande poder aquisitivo, nas suas comunidades, estará ampliando o mercado, ao invés de concorrer com ele. Com ingressos inferiores ao preço cobrado pela cópia pirata vendida nas cercanias dos cinemas tradicionais, ajuda a combater esse comércio predatório. Para os filmes de pouco público no modelo atual, ampliará não só a exibição, mas sua exposição como mídia mesmo, como elemento de estímulo à venda e locação de cópias para consumo domiciliar nas localidades onde o filme nunca chegou.

Se apenas 5 salas iniciais mantiverem um filme em cartaz durante um mês por exemplo, com taxas de ocupação similares às médias do próprio mercado, já estarão atingindo um público igual ou superior ao que muitos filmes estão conseguindo este ano. E são salas ligadas às comunidades, animadas por entidades e equipes locais, com uma capacidade de estímulo própria desse enraizamento em seu próprio meio.

A equipe organizadora do PopCine já percorreu diversas localidades, está conversando com personalidades, entidades e grupos de bairros, comunidades, cidades de todos os tamanhos: a aceitação do projeto é praticamente unânime. A receptividade junto aos cineastas e produtores também tem sido total; exibidores que consultamos concordam com essa iniciativa que pode sacudir positivamente os hábitos de freqüência ao cinema no nosso País.

Isto é o PopCine: a oportunidade concreta do público brasileiro ter acesso ao cinema de maneira sistemática e permanente; a chance do cinema brasileiro, de um cinema plural e internacional, chegar ao público brasileiro.


Resumo do Projeto

O projeto apóia-se em três elementos principais:

1) Projeto e montagem salas de cinema com tecnologia digital bem simples, mas de qualidade e conforto em tudo comparáveis às salas tradicionais de cinema (fotos no material anexo). Essas salas são montadas em espaços adaptados de imóveis relativamente comuns, com área média de 100 m2 para a platéia e outra área semelhante para sala de espera, bar-bomboniére, etc. O espaço deve ser cedido por uma parceria local, geralmente com uma prefeitura ou outro órgão da administração municipal em cidades maiores. O custo de instalação, com equipamento completo, gira em torno de R$ 150 mil, dependendo do imóvel. Assim, as salas podem ser instaladas principalmente em bairros e/ou cidades onde não há salas de cinema.

b) As salas cobram um ingresso proporcional, visando a sua manutenção e a remuneração dos filmes programados – o projeto envolve, portanto, uma distribuidora. Com um número razoável de sessões, estudado caso a caso, e uma taxa de ocupação comparável à do mercado, é possível gerar uma receita que cobre os custos de manutenção, mão de obra e, eventualmente, de capital. Outras fontes de capitalização convergem para dar sustentabilidade à sala: receitas de outras atividades (eventos, etc), do bar-bomboniére e de convênios com outras áreas do município, do estado ou do governo federal, em especial com escolas. Assim, essas salas, além de formarem uma equipe de ação cultural, permitem a profissionalização de um número variável de pessoas da comunidade: geram emprego - especialmente para jovens e sem exigir grande qualificação formal.
Uma parte da receita é reservada para a remuneração do circuito propriamente dito: elaboração (autoração) de cópias, material de divulgação (trailers, cartazes, etc), assessoria e controles (inclusive site interativo).
Além dos custos de manutenção, 35% da receita é reservada para a remuneração dos filmes exibidos; a partir de um certo número de salas esta receita começa a ter importância para a produção. O projeto prevê a manutenção de um site interativo, com acesso on-line e em tempo real, através de senha, para que os produtores possam acompanhar os resultados de seus filmes, sessão por sessão e sala por sala.

c) A formação, treinamento e assessoria permanente das equipes gestoras da referidas salas. O projeto funciona com alguns aspectos semelhantes ao de uma franquia: além de cursos e outras formas de treinamento inicial, a coordenação do circuito mantém uma assessoria permanente às salas, acompanhando a gestão, aspectos jurídicos, programação, divulgação, etc.

Essas salas podem se articular com diversas iniciativas já existentes, funcionando como pontos de apoio à circulação de materiais audiovisuais – e outros – com grupos “menos estruturados” e também como núcleos de formação e treinamento para outras ações.

Cada sala é um auditório multimídia de que passa a dispor a comunidade, é um espaço com recursos audiovisuais para a promoção de inúmeras ações e é, também, um núcleo com uma equipe organizada e “profissionalizada” para ancorar, reforçar e expandir programas diversos de interesse da comunidade e dos órgãos públicos que nela atuem.

Em quase dois anos de preparação, negociações e experiências, levantamos mais de 100 localidades interessadas em todo o País (o projeto gera interesse igualmente na Argentina e no México, e foi apresentado em encontro internacional, na Itália, por solicitação da Federação Internacional de Cineclubes): secretarias estaduais de cultura, prefeituras, instituições de todo tipo, em pelo menos 13 estados, já se dispuseram a ceder os locais. Mas, verdade seja dita, nenhuma instituição, pública ou privada (fora a Secretaria de Cultura de São Paulo na gestão do cineasta João Batista de Andrade), dispõe-se a fazer o investimento inicial necessário.

Do ponto de vista do cinema brasileiro, o PopCine é um investimento em um paradigma diferente, em que o público tem acesso ao cinema graças ao ingresso mais barato e à capilaridade do circuito, que diminui os custos de transporte. Um público que, como sabemos, prestigia nosso cinema “sempre que lhe é permitido ter acesso a ele”.